2.19.2013

Crónica de uma paixão confessável

Hoje, pela primeira vez, o blogue Os Dias e os Livros publicou um guest post, sob o título "Crónica de uma paixão confessável". É meu!
Tive a honra de ser convidada para escrever um pequeno texto sobre uma das minhas paixões: a literatura infanto-juvenil.
Deixo aqui o texto, assim como um agradecimento sentido pela oportunidade que me foi dada de contribuir para o conteúdo de um blogue que sigo com tanta admiração (e pelas palavras generosas que, ali, me foram dedicadas!).
Muito obrigada, Carla!


- Conta o resto da história, e não te preocupes. Eu sei que as coisas mágicas têm sempre um lado triste, mas é por isso que são bonitas. Porque como têm tristeza e alegria, nós nelas podemos aprender a verdade da vida (Pedro Sena-Lino, in "A Árvore que não sabia sentir", Booklândia, Maio 2012).
Amo os livros desde que me recordo de existir.
Primeiro, tê-los-ei, tão-só, folheado, absorta nas suas ilustrações, mas cedo formulei o desejo de saber lê-los e conhecer todas as estórias que guardam dentro de si e anseiam por partilhar. Na verdade, fui criada com um primo que tem mais dois anos do que eu, o qual me deixou sedenta de conhecimento logo que entrou para a, então, primeira classe.
Lembro-me de passar horas serenas e prazeirosas a ler as estórias de Anita, d' O Polegarzinho, d' O Patinho Feio, d' A Vendedora de Fósforos... E de me emocionar, igualmente, a cada vez que as relia.
Os Natais e aniversários tinham um gosto especial quando traziam consigo livros das colecções que, em cada ano, estava a fazer. Recordo-me particularmente do dia do meu 13.º aniversário, data em que fui acordada com um beijo ternurento da minha mãe e um pacote muito especial pousado em cima de mim, recheado com mais de metade dos volumes da colecção Uma Aventura, das portuguesas Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Não negando estar em causa a leitura algo tardia daquela obra, a verdade é que a mesma passara a ser uma referência no panorama da literatura juvenil em Portugal, e eu não quis deixar de conhecê-la.
Bem antes disso, lera toda a colecção d' O Colégio das Quatro Torres, d' As Gémeas no Colégio de Santa Clara e d' Os Cinco, todos da genial Enid Blyton. Não raras vezes, imaginava viver as aventuras das personagens que idolatrava. Durante as férias, desfrutando da visão do luar derramado sobre a baía de Sesimbra, imaginava que as luzes intermitentes que se viam no mar traduziam a sinaléctica própria de raptores ou contrabandistas, cujos planos malévolos eu, coadjuvada por amigos de grande coragem, ajudaria a aniquilar.
Aos catorze anos, apaixonei-me pela obra de Alice Vieira, dedicando-me febrilmente à leitura d' Os Olhos de Ana Marta, Chocolate à Chuva, Viagem à Roda do Meu Nome, Rosa, Minha Irmã Rosa, e tantos outros, que, estou certa, ainda fazem parte do imaginário de muitos dos leitores da minha geração. A designação de um dos meus blogues, Lote 1 - 1.º dto, foi, precisamente, inspirada no título de um dos livros desta grande escritora: Lote 12, 2.º frente.
Como uma adolescente absolutamente normal, voltei a apaixonar-me muitas e muitas vezes. Mulherzinhas, de Louise May Alcott. A Menina Insuportável, da Condessa de Ségur. Le Petit Prince, de Antoine de Saint-Exupéry, este, ainda, uma referência nos meus dias.
Apartada, durante alguns anos, da literatura infanto-juvenil, reencontrei-a de uma forma algo curiosa: através do fenómeno mundial Harry Potter. Talvez, na altura, estivesse demasiado cansada de "muggles", pelo que me voltei para a magia!
Depois de ter sido mãe, assumi em pleno a missão de procurar incutir, nos meus filhos, o gosto pela literatura e, admito, eu própria me deleito com as leituras que faço para eles. O que me agrada, em particular, nas estórias para crianças e jovens é a emotividade que, em geral, expressam, bem como o facto de alertarem o leitor para o substrato ético que deve ser cultivado no ser humano.
Neste meu propósito de conduzir os petizes pelos caminhos das palavras, tenho descoberto, em conjunto com eles, obras ternas e enriquecedoras, de entre as quais, sem qualquer pretensão de exaustão, destaco: Adivinha o Quanto Eu Gosto de Ti, de Sam McBratney, A Grande Fábrica das Palavras, de Agnès de Lestrade, A Gigantesca Pequena Coisa, de Beatrice Alemagna, A Mãe que Chovia, de José Luís Peixoto e O Primeiro Passo, de Orianne Lallemand.
Ler, ler, ler sempre. Ler sempre mais. E aprender, na magia dos livros, a verdade da vida.

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